Israel, Palestina, Iraque e Afeganistão são países em guerra. O Brasil não.
A criminalidade do Rio de Janeiro é tudo o que se espera da situação socio-econômica da América Latina. Um povo excluído, sem perspectiva e que comete crimes como forma de ascenção social. Muito diferente de qualquer tipo de Guerra Civil, em que há, via de regra, um confronto ideológico, político e/ou religioso. O que há no Rio é só o Crime. E a "solução" repressiva de um Estado despreparado. Nada além disso.
Muitos irão indagar: "Mas e as mortes?", "Morre muito mais gente no Rio do que na Guerra do Iraque". Não duvido disso, tampouco desconsidero. Inclusive, digo: Há algo pior do que a Guerra: O Crime (com "C" maiúsculo). É pior porque não há armistício, acordo ou ação imediata que resolva. É pior porque está impregnado na mentalidade de todos os cidadãos, e não de um grupo específico. É pior porque a única causa é a situação econômica de indivíduos. Muito diferente da causa conjuntural da guerra, a causa do Crime é estrutural.
Na Guerra, Direitos Humanos são desrespeitados, a pena de morte é perfeitamente aplicável e a única ação do Estado é o combate ao inimigo, independentemente do meio utilizado. Daí a propagação dessa idéia de que "O Rio vive uma Guerra não-declarada". Nessa "Guerra", o papel da sociedade não vai além do que legitimar a ação do Estado. Sinceramente, creio que não é disso que o Rio precisa.
Mais indagações surgirão: "Mas o que fazer a curto prazo?", "O morro tomará os bairros cariocas!", "Se não tem jeito, a polícia deve tentar resolver." Respondo: A ação da polícia deve acontecer, mas fica evidente que não está ocorrendo da maneira correta. Respeito a Direitos Humanos, combate à corrupção militar e Inteligência são prerrogativas de qualquer ação policial que aconteça. Quanto ao perigo iminente da "descida" do Tráfico aos bairros de classe-média, penso que não há muito interesse do "dono" do morro em provocar uma real guerra civil com seus consumidores.
E o argumento de não ter jeito: Tem jeito sim, mas a mudança, como já dito, deve ser estrutural. Quando o governo brasileiro deixar de priorizar as dívidas interna e externa, o Superávit Primário e, principalmente, o Capital Financeiro interno, teremos alguns tostões para investir na tão falada questão social. Até lá, não há Capitão Nascimento que resolva...
ouvindo... "Cidinho e Doca - Rap da Felicidade" (andar tranqüilamente na favela onde eu nasci...)
A criminalidade do Rio de Janeiro é tudo o que se espera da situação socio-econômica da América Latina. Um povo excluído, sem perspectiva e que comete crimes como forma de ascenção social. Muito diferente de qualquer tipo de Guerra Civil, em que há, via de regra, um confronto ideológico, político e/ou religioso. O que há no Rio é só o Crime. E a "solução" repressiva de um Estado despreparado. Nada além disso.
Muitos irão indagar: "Mas e as mortes?", "Morre muito mais gente no Rio do que na Guerra do Iraque". Não duvido disso, tampouco desconsidero. Inclusive, digo: Há algo pior do que a Guerra: O Crime (com "C" maiúsculo). É pior porque não há armistício, acordo ou ação imediata que resolva. É pior porque está impregnado na mentalidade de todos os cidadãos, e não de um grupo específico. É pior porque a única causa é a situação econômica de indivíduos. Muito diferente da causa conjuntural da guerra, a causa do Crime é estrutural.
Na Guerra, Direitos Humanos são desrespeitados, a pena de morte é perfeitamente aplicável e a única ação do Estado é o combate ao inimigo, independentemente do meio utilizado. Daí a propagação dessa idéia de que "O Rio vive uma Guerra não-declarada". Nessa "Guerra", o papel da sociedade não vai além do que legitimar a ação do Estado. Sinceramente, creio que não é disso que o Rio precisa.
Mais indagações surgirão: "Mas o que fazer a curto prazo?", "O morro tomará os bairros cariocas!", "Se não tem jeito, a polícia deve tentar resolver." Respondo: A ação da polícia deve acontecer, mas fica evidente que não está ocorrendo da maneira correta. Respeito a Direitos Humanos, combate à corrupção militar e Inteligência são prerrogativas de qualquer ação policial que aconteça. Quanto ao perigo iminente da "descida" do Tráfico aos bairros de classe-média, penso que não há muito interesse do "dono" do morro em provocar uma real guerra civil com seus consumidores.
E o argumento de não ter jeito: Tem jeito sim, mas a mudança, como já dito, deve ser estrutural. Quando o governo brasileiro deixar de priorizar as dívidas interna e externa, o Superávit Primário e, principalmente, o Capital Financeiro interno, teremos alguns tostões para investir na tão falada questão social. Até lá, não há Capitão Nascimento que resolva...
ouvindo... "Cidinho e Doca - Rap da Felicidade" (andar tranqüilamente na favela onde eu nasci...)
9 comentários:
ali que eu me refiro!
por isso que eu odeio dar trela pra quando alguém vem do meu lado xingar o bush por causa da tal guerra, ou pra essas mobilizações sociais anti-guerra...
eu acho que tem coisa bem pior por aí, e por aqui! bem debaixo do nariz dos "filósofos da guerra" que eu conheço...
belo post, exceto pela música...belo post!
hehehe concordo, exceto pela musica, belo post... se bem q até que é uma trilha sonora coerente, mas mesmo assim é ruim
mas é foda isso mesmo, é muito costumeiro nosso olhar pra fora e esquecer dos proprios problemas...
Bom, eu xingo o Bush e participo de mobilizações anti-guerra. Jamais direi que guerras por petróleo são justas. Aliás, a Guerra, por si só, já é uma injustiça tamanha.
Devemos, sim, olhar para fora. O que eu faço aqui é uma crítica à análise interna que nós fazemos. E não uma apologia ao descaso com questões externas relevantes. Tampouco apologia à guerra.
é que tu sabe a minha posição.
na real, eu acho esse papo meio chato...isso não significa q eu dê importância...mas eu acho q o alarde é maior simplesmente por que é o "assunto do momento".
e sim.tu é um invasor de reitoria! óbvio q tu xinga o bush tb!
heheheh
bjos bjos, e não deixa esse blog morrer, nem o samba.
Capitão Nascimento nenhum dá/dará jeito em qualquer "questão social", muito menos na nossa!
É Rio, mas é nossa.
E não creio que, num belo dia de sol, haverá uma crise no Crime (como você expõe, com letra maiúscula).
É sim, é falta de preocupação interna por parte do governo.
É fácil chegar ao poder, exercer o poder e se distanciar de quem realmente lhe colocou lá. E como é fácil.
Enfim...
Que bom que voltou!
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"É pior porque a única causa é a situação econômica de indivíduos". Essa redução é perigosa. O Brasil tem 31% da população vivendo abaixo da linha de pobreza. A Romênia tem 25, uma porcentagem considerável, e ainda assim seus níveis de criminalidade são irrisórios. O que demonstra que não dá pra equacionalizar com essa simplicidade. Além disso, não dá pra desprezar os crimes cometidos por políticos, servidores públicos e empresários, para citar três exemplos, que são numerosos, prejudiciais e estariam em condições de ser cometidos mesmo onde não vinga a pobreza. De longe uma das causas do crime é a pobreza, mas de longe também essa não é a única. Não entendo nada desse assunto, mas tenho certeza de que, caso você queira se especializar, a literatura de criminologia é muito vasta. No demais, realmente se usa a desculpa da guerra para cometer as maiores atrocidades.
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